Setor registrou elevação de 2,6% em horas trabalhadas, de 1,2% no faturamento real e de 0,6 ponto porcentual na capacidade instalada
O bom desempenho de julho deu um respiro à indústria brasileira. Houve aumento de 2,6% na quantidade de horas trabalhadas, elevação de 1,2% no faturamento real das empresas e o crescimento de 0,6 ponto porcentuais no nível da chamada utilização da capacidade instalada do setor no mês passado.
Na comparação com junho, a indústria apresentou alguns dos melhores números em muitos meses, segundo pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Mas o oxigênio do período pós-Copa do Mundo, quando os feriados reduziram o ritmo da atividade produtiva, não deve bastar para a indústria recuperar o fôlego para reverter a tendência de retração. “Mesmo com o crescimento das horas trabalhadas na produção, do faturamento e do uso do parque fabril, o quadro da indústria ainda é de desaquecimento”, registrou a CNI.
EMPREGO
A expectativa negativa ficou para a contratação de trabalhadores. O nível de emprego apresentou, em julho, o quinto mês consecutivo de queda. A massa salarial real paga pela indústria aos trabalhadores também teve a quinta queda seguida, puxada pelo quadro de estagnação na economia. “O ritmo de crescimento não gera mais dinamismo no nível de emprego na indústria”, afirmou o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
A instituição revisou a estimativa de queda do Produto Interno Bruto (PIB) geral da indústria para 2014, ampliando previsão de retração de 0,5% para 1,7%. É a pior projeção para o segmento desde 2009, quando a crise financeira internacional derrubou o PIB industrial em 5,6%. Para o PIB da indústria de transformação, estima-se um recuo de 2,5%. “Temos uma expectativa, para 2014, de um resultado negativo para a atividade industrial”, afirmou Castelo Branco.
A CNI também estimou em 0,5% o potencial de crescimento do PIB do País neste ano. “A gente vê claramente um desempenho contido da economia como um todo. Os fatores são a elevada incerteza, dificuldades associadas à seca e estiagem, que tem impacto sobre o custo da energia, e o aperto monetário com o ciclo de alta nos juros.”
A retração seria, segundo a CNI, resultado do aumento na taxa básica de juros, agora estabilizada em 11% ao ano, somado às incertezas em relação à economia turbinada pela disputa presidencial e à seca que afeta o desempenho do setor elétrico. Esse quadro, segundo Castelo Branco, “está minando a confiança dos empresários em relação a investimentos”.
ELEIÇÕES
O gerente da CNI se disse confiante em uma melhora da economia para 2015, a partir da decisão das eleições em outubro. “O quadro político eleitoral tende a travar algumas decisões, principalmente investimentos (das empresas).
Dada a definição do quadro, começa a aparecer o novo cenário para 2015. Creio que esse cenário tende a ser levemente melhor. Talvez um pouco difícil no começo, mas à medida que o ano avance os efeitos mais positivos aparecerão.”
Este cenário, segundo Castelo Branco, deve ocorrer independentemente do vencedor da corrida presidencial - Aécio Neves (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB). “Eles (candidatos) já sinalizaram que alguma mudança vai ocorrer na condição da economia, uns mais outros menos.”
Por Agência Estado Fonte O Popular
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