Índice de abril em Goiânia foi o menor do País, mas no ano acumula alta de 2%, o que corrói os salários
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A notícia parece boa. Com a desaceleração dos reajustes dos alimentos em abril, Goiânia teve a menor inflação do País no mês passado, de 0,31% para as famílias com renda de até 40 salários mínimos (IPCA) e 0,30% para as que recebem de um a cinco salários (INPC). Mas os dados perdem o viés positivo quando se analisa o contexto no ano de 2013, que acumula mais de 2% de alta de janeiro a abril. Para um assalariado que ganha R$ 678,00, o aumento do custo de vida corrói R$ 18,04 de sua remuneração mensal. É como se ele ganhasse apenas R$ 659,96.
“O aumento de 9% no salário mínimo no início do ano vem sendo dilapidado mês a mês. Dos R$ 678,00, R$ 18,04 já foram devorados pela inflação”, afirma o economista Aurélio Troncoso, que fez os cálculos para O POPULAR. O cenário é ainda mais preocupante quando se observa os índices de preços acumulados nos últimos 12 meses - IPCA de 6,70% e INPC de 7,47%, segundo informações divulgadas ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (veja quadro). Segundo Aurélio, que coordena Centro de Pesquisas Econômicas e Mercadológicas (Cepem) das Faculdades Alfa, nesse ritmo, o assalariado chegará ao fim do ano com R$ 50,18 a menos na remuneração mensal. Ou seja, terá apenas R$ 627,82 como poder real de compra.
Em abril, o reajuste dos medicamentos fez com que o grupo de saúde e cuidados pessoais tivesse o maior índice em Goiânia - 1,19% em média. Mas quando a pensionista Leni Gomes Bezerra, 70 anos, faz as contas, os gastos com os sete remédios diferentes que consome todo dia representam um aumento acima de 10%. “Eu pagava de R$ 170,00 a R$ 180,00 na farmácia. Este mês, gastei R$ 200,00. Para quem ganha pouco, como eu, é muito caro”, relata.
Dona Leni mora com um neto e faz as despesas da casa com a pensão que recebe no valor de um salário mínimo, além da ajuda de um filho. Ela sente de perto o poder de compra diminuído a cada mês, quando vai às compras. “Você faz as compras num mês e paga um tanto de dinheiro. No outro mês, se for comprar as mesmas coisas, tem que pagar mais. Ou então, compra menos”, descreve.
A funcionária pública Eliane da Conceição, 44 anos, se diz assustada com o preço do feijão. Segundo ela, o quilo do produto que, há poucos meses, custava R$ 2,99, agora, está R$ 6,00. “O jeito é comer menos para economizar”, afirma. Com o recuo do preço do tomate (que na opinião de Eliane ainda está caro), o feijão voltou a ser o maior vilão da inflação dos alimentos, ressalta Aurélio Troncoso.
Apesar alimentação em alta, para Eliane, o que mais pesa no seu orçamento mensal são as contas de água e energia elétrica. Juntas, ultrapassam os R$ 120,00 e comprometem um quarto da sua renda.
Por Lídia Borges - O Popular
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