A presidenta Dilma Rousseff lembrou hoje (31) os 50 anos do golpe militar que deu inÃcio à ditadura no Brasil, em 1964, e disse que as atrocidades cometidas no perÃodo não podem ser esquecidas, em memória dos homens e mulheres que foram mortos ou desapareceram enquanto lutavam pela democracia.
“O dia de hoje exige que lembremos e contemos o que aconteceu. Devemos aos que morreram e desaparecerem, devemos aos torturados e aos perseguidos, devemos à s suas famÃlias. Devemos a todos os brasileirosâ€, disse a presidenta em discurso no Palácio do Planalto, durante a assinatura de contrato para construção da segunda ponte sobre o Rio GuaÃba.
“Toda dor humana pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história. A dor que nós sofremos, as cicatrizes visÃveis e invisÃveis que ficaram nesses anos podem ser suportadas e superadas porque hoje temos uma democracia sólida e podemos contar nossa históriaâ€, disse a presidenta, ao citar a filósofa alemã Hannah Arendt.
Dilma disse que lembrar e contar o que aconteceu às novas gerações é parte do processo iniciado pelos brasileiros que lutaram pelas liberdades democráticas, pela Anistia, pela Constituinte, por eleições diretas e, mais recentemente, pela criação da Comissão Nacional da Verdade.
“Cinquenta anos atrás, na noite de hoje, o Brasil deixou de ser paÃs de instituições ativas, independentes e democráticas. Por 21 anos, mais de duas décadas, nossas instituições, nossa liberdade, nossos sonhos, foram caladosâ€, lembrou. “Hoje podemos olhar para esse perÃodo e aprender com ele, porque o ultrapassamos. O esforço de cada um de nós, de todas as lideranças do passado, daqueles que viveram e daqueles que morreram fizeram com que nós ultrapassássemos essa épocaâ€, acrescentou.
Com a luta pela redemocratização, segundo Dilma, os brasileiros aprenderam a valorizar a liberdade de expressão, a independência dos poderes legislativo e judiciário e o direito ao voto. “Aprendemos o valor de eleger por voto direto e secreto, de todos os brasileiros, governadores, prefeitos. De eleger, por exemplo, um ex-exilado, um lÃder sindical que foi preso várias vezes e uma mulher que também foi prisioneiraâ€, disse.
Segundo Dilma, a restauração da democracia brasileira foi um processo construÃdo pelos governos eleitos após a ditadura e resultado da luta dos que morreram enquanto enfrentavam “a truculência ilegal†do Estado, com os que trabalharam por pactos e acordos nacionais, como os que levaram à Constituição de 1988.
Ainda durante o discurso, a presidenta citou frase dita por ela durante a instalação da Comissão Nacional da Verdade, em 2012. “Como eu disse aqui nesse palácio quando instalamos a Comissão da Verdade: se existem filhos sem pais, se existem pais sem túmulos, se existem túmulos sem corpos, nunca, nunca, mas nunca mesmo pode existir uma história sem voz. E quem dá voz são os homens e mulheres livres que não tem medo de escrevê-laâ€.
Por Luana Lourenço - Agência Brasil
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