No mês passado, Estado registrou crescimento de 37,5% na criação de empregos, indica o Caged

Na contramão do mercado de trabalho nacional, que teve o pior resultado de geração de emprego para o mês de julho desde 1999, Goiás registrou crescimento de 37,5% se comparado ao mesmo período do ano passado. A retomada das compras no comércio varejista, investimentos em setores relacionados às campanhas eleitorais e o aquecimento de alguns segmentos da indústria local para as festas de fim de ano contribuíram para esse incremento.

Foram gerados 2.782 postos de trabalho no mês passado ante 2.023 em julho de 2013. Com esse resultado, Goiás é o quinto no ranking nacional na criação de vagas com carteiras assinadas no mês passado. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho.

Somente o comércio foi responsável por mais de um terço das vagas criadas, 857 postos de trabalho. Embora o resultado possa causar estranheza, já que o setor amarga desaceleração nas vendas há alguns meses, essa geração de postos de trabalho ocorreram em função de um prolongamento do período de alto nível de inadimplência. “Os consumidores costumam quitar as contas de início de ano até abril, mas este ano as famílias só conseguiram colocar as contas em dia no mês de junho”, diz o superintendente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Goiânia, Marco Antônio Milharci.

Ele explica que o resultado positivo da pesquisa de intenção de compras para o Dia dos Pais da CDL comprovou essa ligeira reação do comércio. “Não tão acelerado quanto gostaríamos, mas a curva voltou a crescer”, ressalta. Ele explica que essa retomada pode se sustentar até o fim do ano, com o volume de recursos oriundos da devolução do Imposto de Renda, o 13º salário, além da injeção de salários de trabalhadores das campanhas eleitorais.

Após seis meses fora do mercado de trabalho, Nívea Aires, de 40 anos, foi contratada em julho para o cargo de vendedora nas Lojas Meizzi. Ela havia distribuído currículos e participado de entrevistas em diversas empresas, mas sentia que o comércio estava desaquecido. “Fui contratada no mês passado e as vendas estão boas. O comércio fica mais forte daqui para o fim do ano”, diz.

O setor de serviços foi o segundo que gerou mais emprego em Goiás, 675 vagas. Apenas os serviços de alojamento, alimentação, reparação, manutenção e redação contrataram 390 postos de trabalho. Segundo a presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), Helenir Queiroz, a realização de dois grandes eventos no Autódromo de Goiânia, a quarta etapa da Stock Car, em julho, e a corrida do Milhão, que embora tenha ocorrido em agosto, gerou contratação de mão de obra em julho. “O setor de turismo alavanca a contratação de mão de obra no setor de turismo”, salienta Helenir.

A maioria dos acordos salariais (94,1%) fechados no primeiro semestre deste ano em Goiás registrou aumento real acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo IBGE. As informações são do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Os restantes, ou 5,9%, tiveram reajustes inferiores à inflação medida pelo INPC.

Alguns fatores podem ajudar a explicar o bom resultado das negociações do primeiro semestre de 2014. O primeiro foi a redução das taxas de inflação no primeiro semestre de 2014, que resultou em índices de reposição inflacionária menores do que os verificados no ano anterior1. “Outro fator importante foi a manutenção das taxas de desemprego em patamares baixos, o que, em geral, denota um mercado de trabalho aquecido e encoraja a mobilização dos trabalhadores”, diz o Dieese.

No País, de janeiro a junho deste ano também cresceu para 93% o porcentual de negociações com reajustes acima da inflação. Esse porcentual havia recuado para 83,5% em igual período de 2013. Em 2012, considerado o melhor ano das negociações salariais, chegou a 95,6%.