Esse foi o perfil que mais cresceu no estoque de empregos formais no ano passado em Goiás, segundo a Rais
De um lado, um mercado mais exigente. De outro, uma população que busca mais formação. Os dois elementos juntos justificam o fato de o estoque de empregos formais em Goiás, no ano passado, ter crescido somente para vagas e profissionais com, no mínimo, o ensino médio completo (veja quadro). Essa é a escolaridade de 41,5% dos candidatos que ocupavam o estoque de pouco mais de 1,5 milhão de postos de trabalho no Estado no balanço de 2013. Foi o segundo perfil que mais cresceu (9,79%).
Os empregos com profissionais que tinham curso superior completo foram os que mais avançaram (11,69%) e somavam cerca de 247,1 mil postos ao estoque total. Vagas com funcionários que ainda cursavam graduação também cresceram ligeiramente (0,13%). Para todos os demais níveis de escolaridades abaixo do médio completo houve redução de vagas. Os dados são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Da parte dos trabalhadores, mais escolaridade significa melhores oportunidades para crescer profissional e pessoalmente. “Sem estudo, a gente não tem capacidade de obter um serviço melhor”, afirma a operadora de caixa Vânia Santos Ferreira, de 20 anos.
Na atual empresa, ela iniciou as atividades no ano passado como auxiliar de produção e disse que, além da competência, só conseguiu galgar posição e salário melhores porque possui o ensino médio completo. Agora, Vânia faz planos de cursar faculdade de Administração e se tornar uma profissional mais valorizada.
Pela experiência com encaminhamentos de profissionais para vagas de trabalho, a coordenadora do Banco de Oportunidades do Senac Goiás, Shirley Adriana, diz que ter o ensino médio no currículo, há muito, deixou de ser um diferencial para as empresas e passou a ser item obrigatório. Agora, o diferencial é ter qualificação, além da escolaridade mínima.
“A educação formal deve estar aliada à educação profissional. Isso significa que, além do ensino médio ou da graduação, o candidato precisa buscar outros cursos técnicos, de capacitação, de aperfeiçoamento, para não ficar defasado. E há diversas oportunidades gratuitas para isso. Hoje, só não trabalha que não quer e não se dispõe a buscar”, ressalta.
Trabalhador quer se qualificar para crescer
Na rede de alimentação QG Jeitinho Caseiro, que possui 25 lojas em Goiás, Distrito Federal e Tocantins, das 80 contratações feitas em 2013, 80% eram de candidatos com ensino médio completo.
Segundo o diretor de Marketing e Expansão da empresa, Guilherme Carvalho, esta já foi uma exigência da empresa, mas deixou de ser devido à dificuldade de encontrar mão de obra no mercado de trabalho do Estado.
O diretor de Marketing observa que o próprio colaborador tem buscado mais conhecimento para crescer na carreira e exigir melhores cargos e salários. Para a empresa, segundo ele, é muito mais vantajoso.
“O funcionário aprende mais rápido, é mais produtivo e gasta menos tempo em treinamento”, frisa o diretor da empresa.
IDADE
Considerando a idade dos trabalhadores, houve aumento de empregos em todas as faixas etárias. Entre os mais velhos, as oportunidades crescem em maior velocidade. Apesar de ter o menor número de vagas, o grupo de profissionais com 65 anos ou mais teve a maior expansão (13,04%), seguido pelo grupo de 50 a 64 anos (7,88%). As faixas até 29 anos são as que aumentam de forma mais lenta (veja quadro).
Segundo Shirley Adriana, a predisposição das empresas em contratar empregados com maior idade aumentou nos últimos dois anos, em especial, para cargos estratégicos e de maior visibilidade, como gestores, supervisores e gerentes.
A preferência se deve ao fato de que esses profissionais demonstram mais compromisso e dedicação ao trabalho, características muito valorizadas no mundo corporativo atualmente.
MÉDIA SALARIAL
Goiás está entre os dez Estados com a menor média salarial do País - R$ 1.923,47. Só está à frente das unidades federativas do Nordeste (com exceção do Sergipe). Segundo a Superintendência do Trabalho e Emprego em Goiás, como parte dos empregos públicos mais básicos no Estado, em especial das prefeituras, paga apenas um salário mínimo, esses valores puxam a média de remuneração estadual para baixo.
Em 2013, a administração pública goiana foi a principal responsável pela abertura de postos formais de trabalho.
Foram mais de 30,3 mil novas vagas no Estado, crescimento de 9,65% em relação a 2012.
Empresa exige mais para ser competitiva
Para Evandro Bertoncin, consultor de empresas e sócio da Fox Partners, o aumento da exigência pela maior escolaridade nas empresas está diretamente ligado à necessidade de se manter competitiva.
Ele explica que a qualidade dos serviços e produtos oferecidos à clientela também deixou de ser apenas diferencial.
“As empresas estão cada vez mais competindo com outras de alto nível de qualidade. Ter um quadro de pessoal com maior formação, conhecimento e preparo se torna vital para que elas consigam competir e sobreviver no mercado”, analisa o consultor de empresas.
Por Lídia Borges - O Popular
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