O diretor-presidente da Fiat Chrysler Automobiles NV, Sergio Marchionne, pode ter encontrado um parceiro para ajudá-lo no seu objetivo de unir a empresa ítalo-americana a uma outra grande montadora.
No início da semana, a Fiat Chrysler fechou um novo acordo salarial com o sindicato dos trabalhadores do setor automotivo nos Estados Unidos, o United Auto Workers, que estabelece o que Marchionne chamou de abordagem filosófica que esta casa quer usar daqui para frente. É seguro presumir que isso significa que ele ficou feliz com o resultado.
Detalhes do pacto de quatro anos não foram revelados imediatamente, mas, mesmo se tivessem sido, os [dados] econômicos do acordo são irrelevantes, disse Marchionne durante uma coletiva de imprensa realizada na terça-feira.
O que, então, é importante? Marchionne passou as últimas semanas verificando se poderia confiar no presidente do UAW, Dennis Williams, como seu aliado no grande plano, dizem pessoas próximas ao executivo. Repetidas vezes na terça-feira, os dois homens se elogiaram, mostraram respeito mútuo e se comprometeram a continuar trabalhando juntos - e até se abraçaram.
A julgar pela linguagem corporal dos dois, Williams pode se tornar seu braço direito, um aliado essencial na busca de uma parceira para a Fiat Chrysler. Os dois trocam mensagens de texto regularmente e discutem uma gama de assuntos, dizem pessoas próximas.
Aqui é que Marchionne precisa de apoio: convencido de que as montadoras desperdiçam bilhões de dólares em capital porque não conseguem colaborar efetivamente, ele pretende se unir a outra montadora.
O uso de capital é algo que permanece sem solução, disse ele durante a coletiva. Com o acordo selado com o UAW, eu posso agora, como uma organização, concentrar-me no restante de meu objetivo [...] a prioridade principal, acrescentou.
O UAW, que representa 36 mil funcionários da Fiat Chrysler, precisa estar a bordo para que Marchionne tenha sucesso, dizem as fontes. O sindicato é um dos maiores investidores na General Motors Co., o principal alvo da Fiat Chrysler para uma fusão.
A GM já discutiu uma união com a Chrysler em 2008 e 2012 e agora quer deixar a ideia para trás. Esse não é um assunto novo, disse a diretora-presidente da GM, Mary Barra, durante salão em Frankfurt esta semana.
Ele já surgiu anteriormente e nós o analisamos em detalhe. Ela está convencida de que não é do interesse dos acionistas da GM e acredita que os investidores concordam com ela.
O UAW, através de um fundo fiduciário de saúde e previdência, está entre os maiores investidores da GM, com uma participação de cerca de 9%. Ele geralmente se compromete a votar em linha com o conselho de administração da GM e pode ser parte de um grupo que bloquearia uma oferta hostil da Fiat Chrysler. Mas o UAW pode muito bem comprar o plano de consolidação de Marchionne.
Depois que investidores da GM realizaram uma campanha de sucesso, no início do ano, para levar a empresa a acelerar os planos de recomprar US$ 5 bilhões em ações, Marchionne acredita que a liderança da GM, incluindo o conselho, pode ser convencida, dizem pessoas que trabalham com ele. Williams, que está filosoficamente alinhado com Marchionne em várias questões, pode tratar do assunto ainda neste mês em suas negociações com a GM. O líder sindical não estava disponível para uma entrevista ontem.
A capacidade de Marchionne de preservar os empregos na Fiat Chrysler pode ser um fator decisivo para definir a posição de Williams.
Embora enfrente problemas nas operações internacionais, a GM está financeiramente bem graças a lucros robustos na América do Norte e às vendas aquecidas de caminhonetes. A caminho de vender quase 10 milhões de veículos neste ano, ela permanece uma das três maiores montadoras no cenário automobilístico global.
Carlos Ghosn, diretor-presidente da Renault SA e Nissan Motor Co., disse na terça-feira que as limitações às emissões de carbono e novas regras de segurança impostas pelos reguladores, combinadas com o surgimento de um novo e caro conjunto de componentes de conectividade, tornará a fabricação de veículos cada vez mais difícil.
Isso requer muito dinheiro e conhecimento, disse Ghosn. Você precisa se ligar em alguém maior ou construir um tipo de rede de compartilhamento entre fabricantes de carros - você sabe, eu te dou isso e você me dá aquilo.
Uma união da GM com a Fiat Chrysler, porém, causaria um desequilíbrio no setor porque criaria uma escala enorme e vantagens de compra que as rivais não teriam como igualar, diz ele. (Colaborou Gautham Nagesh.)
Por Valor Econômico Fonte: Força Sindical
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