Goiânia viveu ontem um de seus maiores momentos de efervescência, com milhares de pessoas em protesto
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Foram dois dias de junho em 30 anos. Três décadas depois do comÃcio pioneiro pelas eleições diretas para presidente da República, em 15 de junho de 1983, uma quarta-feira, Goiânia viveu um de seus maiores momentos de efervescência polÃtica neste 20 de junho de 2013, quinta-feira. Entre 50 mil e 60 mil goianienses, segundo diferentes organizadores do evento, pintaram a região central da capital de branco e engrossaram o coro de mais de 1 milhão de brasileiros que foram à s ruas ontem por um PaÃs melhor. A estimativa da PolÃcia Militar foi de 20 mil pessoas.
Trinta anos atrás, a massa tinha um objetivo claro e era guiada por lideranças partidárias, mas ontem não. Era o povo pelo povo e para o povo, querendo menos corrupção, mais qualidade nos serviços públicos, menos polÃtica e mais cidadania. Era também o povo goiano criticando, por meio de cartazes, a campanha publicitária estrelada pela atriz Glória Pires, o transporte coletivo, mudanças no Plano Diretor, pedindo mais investimentos públicos, menos obras paradas e mais atenção para a população.
O protesto parou o Centro da cidade desde as 13 horas, quando rotas de vários ônibus foram desviadas e as ruas próximas à Praça do Bandeirante foram fechadas. A mesma praça que viu o movimento das Diretas Já nascer e crescer (com 5 mil em 1983 e 300 mil em 1984) e os cara-pintadas pedirem a queda de Fernando Collor de Mello era ontem outra vez do povo.
E as pessoas foram chegando. Negras, brancas, ricas, pobres, velhas, crianças, jovens... de todas as profissões. Os mais diversos personagens com máscaras, cartazes, bandeiras, demandas e uma profunda motivação despertada pelo sentimento de que o PaÃs não acordará o mesmo hoje. Como não acordou o mesmo ontem. O aumento da tarifa caiu, mas as insatisfações, parafraseando vários cartazes pelo paÃs, não cabem neste texto.
Da Praça do Bandeirante a manifestação, que já ocupava boa parte da Avenida Goiás, subiu para a Praça CÃvica, que teve o entorno preenchido pela massa. Diferentemente de outros protestos pelo PaÃs, Goiânia não registrou episódios de violência graves. O momento mais tenso aconteceu quando manifestantes, já no fim dos protestos, rumaram para a Assembleia Legislativa e foram contidos por policiais militares que guardavam o local. Bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha foram disparadas na direção das pessoas, que tentavam arremessar paus e pedras em direção ao prédio, e logo a multidão se dispersou. Em outra frente, um grupo subiu a Avenida 85 até ocupar os viadutos Latif Sebba e João Alves de Queiroz.
Ou seja, a manifestação foi pacÃfica. A sensação é de que o goianiense está reaprendendo a protestar. Está vendo que não é só reclamar dos ônibus dia após dia, chamar equipes de TV para filmar as filas nos postos de saúde e compartilhar sua insatisfação nas redes sociais. Viu que é preciso ir para a rua. Que tal hoje e amanhã?
Por Gabriel Lisita - O Popular
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