Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí promove encontro com objetivo de encontrar saídas que mantenham os empregos e direitos dos trabalhadores. Os discursos foram de alerta e de mobilização para que a crise no setor automotivo não venha a retirar empregos e renda da população, especialmente dos metalúrgicos do município de Gravataí, onde está localizada a montadora da General Motors. O 1o Encontro do Setor de Montadoras, organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, reuniu sindicalistas, economistas e líderes do segmento ao longo desta sexta-feira (05/09) no Hotel Intercity em Gravataí. Os diretores do SIMECAT Carlos Albino, Thiago Cândido e Jeancarlo estiveram presentes.
- Passamos por um momento muito difícil e não podemos aceitar que os trabalhadores paguem essa conta. Entendemos que não adianta apenas o debate e sim pensarmos o trabalho como forma de dignidade humana - afirmou o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari.
A palestra inicial trouxe uma visão do movimento sindical sobre o tema com a fala do Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), Miguel Torres que lembrou as dificuldades que ainda estão por vir no ano de 2015.
- Precisamos estar muito atentos ao que queremos para o nosso país. As eleições são importantes e a partir daí, seja qual for o eleito para comandar o país, sabemos que teremos sérios problemas para o ano que vem, seja para o empresariado ou para os trabalhadores. Houve situações que não foram enfrentadas e terão que ser ajustadas no começo do ano. A energia elétrica, combustíveis e telefonia terão aumento e isso certamente vai causar um impacto significativo na inflação - disse.
A alta carga tributária no país também foi pauta do encontro. Lembrada pelo palestrante técnico do Dieese-São Paulo, Roberto Anacleto, lembrou que um carro no Brasil chega a custar até 30% a mais do que em outros países, como México.
O palestrante mostrou que houve uma queda na produção de veículos 18% no acumulado do ano
Um de nossos principais parceiros econômicos que é a Argentina está em uma grande crise. As exportações apresentaram queda de 38,1% no acumulado do ano - lembrou Anacleto.
A atual conjuntura econômica com impacto no mercado de veículos levou as montadoras a adotarem redução da produção e medidas trabalhistas como férias coletivas e suspensão temporária de contrato.
O secretário de governança comunitária da Prefeitura Municipal de Gravataí, Acimar Silva, comprovou no seu discurso que existe, sim, uma recessão na economia afirmando que houve uma queda de R$ 28 milhões na arrecadação de impostos de Gravataí na comparação com o ano passado.
- A recessão existe e está aí. Então, não dá para negar. Este é um debate que vem a acrescentar para melhorar o futuro da nossa cidade e dos trabalhadores das industrias metal mecânica - disse.
A transformação pela qual a cidade de Gravataí passou com a chegada da montadora da GM foi lembrada pelo presidente licenciado da Força Sindical Cláudio Janta.
- Essa cidade mudou e está entre as principais do nosso estado em função da industrialização pesada que o setor automotivo todo. Se houver um baque, o mesmo será grande. A gente sabe a importância que tem uma indústria como a GM para a cidade de Gravataí e o quanto o aquecimento da economia local influenciou positivamente gerando emprego e renda. Portanto, é imprescindível que o governo tenha política para proteger isso - declarou.
O evento contou com a participação de líderes sindicais de municípios com montadoras em outros estados brasileiros. O secretário geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), Pedro Celso Rosa, lembrou que a discussão deve se dar em âmbito nacional.
- As montadoras estão vindo para o nosso país, mas procuram o interior para fugir de sindicatos poderosos e em busca de mão de obra mais barata. Temos que estar unidos e fortalecidos - disse.
O diretor de Recursos Humanos da GM na América Latina, Sidnei Alvares, afirmou que o crescimento do país é inegável e o potencial do trabalhador brasileiro é maior do que em muitas outras nações.
- Não é ruim ter concorrência com a instalação de outras montadoras que viram esse potencial no Brasil. Muita gente chegou e muita gente está chegando ainda. Temos capacidade no brasil de produzir quase 5 milhões de unidades de carros por ano. Até 2017 essa capacidade deve chegar até 7 milhões de unidades. Isso é positivo, mas nos traz um desafio porque tem que fazer mais estradas e precisa de mercado para absorver isso. A infraestrutura também é um problema sério com deficiências em portos e estradas - lembrou Sidnei.
O representante da GM também valorizou a importância do diálogo com os trabalhadores.
- Somos todos trabalhadores e com essa mentalidade buscamos alternativas e saídas para crescimento ou para encontrar soluções criativas em momentos difíceis que atravessamos. Esse ano é, no mínimo diferente, e tem feito nós repensarmos. É um processo necessário e importante. São diversas variáveis que acabam afetando os números - completou.
A palestra da tarde foi coordenada pelo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, que apresentou um resumo do quadro atual do setor automotivo.
O economista do Dieese, Ricardo Franzói, ressaltou a importância do diálogo conjunto envolvendo trabalhadores, empresários e governo.
- Embora tenhamos diferenças que não são fáceis de resolver, existem questões que temos consenso entre esses setores. Por isso ressalto a importância de um debate como esse em busca do progresso econômico e social do estado - afirmou.
Ao final do encontro foi redigida a Carta de Gravataí com um resumo das propostas e ações mais urgentes para o setor. O documento será entregue a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos e ficará disponível a todas as instituições ou governos que tiverem interesse.
Por PlayPress Fonte: Força Sindical
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