Na contramão do PaÃs, indústria de Goiás cresce
Um crescimento de 9,9% na fabricação de alimentos fez com que a produção industrial de Goiás registrasse um crescimento de 3,3% no mês de junho, resultado bem superior à queda de 6,9% da indústria nacional. Entre os produtos que tiveram maior crescimento, estão o açúcar cristal, extrato, purês e polpas de tomate, óleo de soja refinado e carnes bovinas.
Os dados da Pesquisa Industrial Mensal, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que houve queda da produção em 11 dos 14 Estados pesquisados pelo órgão. Nos seis primeiros meses deste ano, a produção goiana já acumula uma queda de 0,8%. Goiás teve crescimento em todas as comparações, enquanto o País registrou queda.
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
O economista da Coordenação de Indústria do IBGE, Fernando Abritta, lembra que o bom desempenho local pode ser atribuído à força da produção de alimentos em Goiás, que têm o maior peso na estrutura industrial do Estado e não sofre tanto com a desaceleração da economia e da demanda.
Somente na indústria goiana Jalles Machado, de Goianésia, a expectativa é que a produção de açúcar seja 5% maior este ano que na safra de 2013. Para o diretor presidente da empresa, Otávio Lage de Siqueira Filho, o crescimento na produção de açúcar ajuda o País a adoçar a vida dos brasileiros, diante de uma economia tão amarga e falta de incentivo à produção de etanol.
A Jalles Machado exporta açúcar orgânico para vários países e comercializa a marca Itajá nos Estados de Goiás, Maranhão, Bahia, Pará, Amazonas, Mato Grosso, Minas Gerais e no Distrito Federal. Atualmente, 40% da produção da usina é açúcar e 60% é etanol. “Este ano, a safra está 10% mais rápida por causa do clima mais seco, o que reflete na produção”, explica Otávio Lage.
BENS DURÁVEIS
Enquanto isso, a produção no restante do País sofreu com o recuo na demanda por bens duráveis, como móveis, eletrodomésticos e automóveis, resultado de uma queda na confiança do consumidor. Fernando Abritta explica que a desaceleração industrial é reflexo de toda uma conjuntura negativa de alta de juros e da inflação e maior restrição de crédito por parte das instituições financeiras, o que afetou a produção de veículos. “Tudo isso afetou muito a confiança do consumidor”, destaca o economista.
Enquanto a produção nacional de veículos sofreu forte queda de 12% em junho, Goiás também foi na contramão do resultado nacional: as indústrias instaladas no Estado produziram 11,4% mais que no mesmo período do ano passado. Por outro lado, a maior queda ocorreu na produção de produtos de metal, que caiu 21,5%. Porém, o maior peso negativo veio da redução de 13,5% na produção de farmoquímicos e farmacêuticos.
Nos seis primeiros meses deste ano, os produtos químicos lideraram o crescimento da produção em Goiás, com expansão de 23%, graças à maior fabricação de produtos como adubos ou fertilizantes com nitrogênio, fósforo e potássio. O resultado positivo do Estado também foi garantido por um aumento de 1,8% na fabricação de produtos alimentícios, como leite em pó, açúcar cristal e óleos de soja refinado.