As medidas de estÃmulo à venda de automóveis devem se restringir a manutenção de algum estÃmulo fiscal do IPI. Ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a indústria automobilÃstica deve "andar com as suas próprias pernas". As propostas elaboradas pela Fazenda para incentivar a expansão da oferta de crédito bancário para a aquisição de carros tendem a ficar só no papel. Duas medidas nessa linha foram submetidas à avaliação do Banco Central, que não as aprovou. A criação de um Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) de R$ 5 bilhões, com recursos dos depósitos compulsórios à prazo, para ser usado na compra de carteiras de crédito dos bancos das montadoras; e a redução gradual da necessidade de requerimento de capital dos bancos para operações de crédito para a compra de veÃculos. Mantega acenou com a possibilidade de um aumento menor na alÃquota do IPI sobre os carros. A alÃquota atual, de 3%, tem prazo de vigência até o fim de junho e a partir de julho voltaria o IPI de 7%. O que pode ocorrer, mas não há decisão até o momento até porque a situação fiscal do governo é frágil, é ter um aumento mais moderado do imposto agora. "Vamos avaliar a situação para ver se podemos prosseguir com elevação do IPI a partir de julho. O que está definido é que terá um aumento. Poderá ser pequeno, ou não. Vamos avaliar a situação do mercado na véspera", disse o ministro. "No mercado automobilÃstico, o crédito caiu e em função disso a gente está estudando alguma maneira de talvez melhorar o crédito para o setor, mas não é certo que a gente tenha essa medida. O setor tem que andar com as suas próprias pernas", completou Mantega. Desde abril técnicos dos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento vinham discutindo com a Anfavea, a entidade que representa as montadoras de veÃculos, alternativas para retomar o crédito, viabilizar a alienação fiduciária em prazos mais curtos e manter pelo menos um pedaço do benefÃcio fiscal do IPI. Os elevados estoques e as reduzidas vendas levaram o setor a pressionar o governo para evitar demissões. A primeira providência dos técnicos foi estudar se havia demanda por automóveis. Concluiu-se que de cada 100 consultas os bancos estavam descartando 47 por problemas de cadastro do cliente ou incapacidade de pagamento. Os bancos privados, que ousaram na concessão de financiamento e amargaram forte inadimplência a partir de 2011, só agora conseguiram limpar as carteiras de crédito para veÃculos. E ficaram bem mais seletivos. O ministro, em entrevista ontem, disse que está detectando uma melhora no mercado de automóveis. "O mercado deu uma melhorada em maio e esperamos que continue melhorando". Citou alguns dados, como o aumento de 17% nas vendas de caminhões em maio sobre abril. Sem dar muitos detalhes, Mantega disse ainda que a renovação do acordo automotivo com a Argentina está em fase final. Uma fonte oficial explicou que com o destravamento dos pagamentos do paÃs vizinho para as montadoras do Brasil, as exportações de carros para a Argentina vêm se normalizando. Houve aumento de 55% em abril sobre março. Brasil e a Argentina fecharam as bases de um novo acordo automotivo, que evitará a cobrança de tarifas de importação no comércio bilateral a partir do dia 1º de julho. Os detalhes do acordo devem ser anunciados em reunião entre autoridades dos dois paÃses, em Buenos Aires, provavelmente na quarta-feira da próxima semana. Falta ainda definir o número exato do sistema "flex". (Colaborou Daniel Rittner, de BrasÃlia) Por Valor Fonte: Força Sindical
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