O brasileiro vive mais, com mais saúde; envelhecer custa caro; falta mão de obra no mercado; e as últimas mudanças no sistema de Previdência do País foram para reduzir o valor das aposentadorias. Logo, a parcela dos trabalhadores que continuam no batente, mesmo depois de se aposentar, não para de crescer, certo? Errado. Em 2001, 33% dos aposentados trabalhavam, mas a taxa foi caindo e chegou a 25%, em 2011, segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.
São mais de cinco milhões de pessoas num universo total de 20,1 milhões de aposentados. Mas a queda, que ocorre em praticamente todas as faixas de renda, vai contra as expectativas, surpreende até especialistas e não tem uma, mas várias explicações. As principais são: melhora do mercado de trabalho e da renda das famílias; ganho real do salário mínimo; o início cada vez mais tardio da vida profissional e o aumento da idade da aposentadoria; o número maior de mulheres no total de aposentados; e uma gratificação de permanência criada pelo governo federal para o servidor que, mesmo podendo, deixa para pedir o boné mais tarde.
“Uma grande parte dos aposentados era responsável pela renda familiar. Se o mercado de trabalho melhora e absorve mais pessoas da família, a tendência é que os mais velhos fiquem mais em casa”, diz Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese.
Ele vê um pequeno movimento de redução entre 2002 e 2009, mas um degrau para 2011, quando a parcela de aposentados trabalhando perdeu cinco pontos porcentuais. Além do período de intervalo maior entre as pesquisas (não houve Pnad em 2010), foi justamente quando ocorreu a melhora mais intensa no mercado de trabalho, com maior ganho dos salários e queda mais intensa do desemprego - a taxa nas regiões metropolitanas passou de de 8,1% para 6%.
Outro motivo citado pelos especialistas é demográfico, reflexo do envelhecimento geral da população brasileira. Dados tabulados pelo IBGE mostram que, nos últimos dez anos até 2011, a fatia dos aposentados com mais de 60 anos subiu de 71% para 78%. Em geral, quem se aposenta mais velho tem menos disposição de permanecer no mercado e também menores possibilidades de encontrar um novo emprego. É uma regra que vale para maioria, embora não se aplique aos profissionais mais qualificados.
Fonte: O Popular
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