É o segundo maior recuo da América Latina, atrás apenas da Venezuela
Com o pior desempenho da economia brasileira desde 1990, o ano de 2015 também mostrou uma marca nada invejável quando se trata de produtividade do trabalho. O indicador — que divide o Produto Interno Bruto (PIB) pelo número de trabalhadores — caiu 3% no ano passado, a segunda maior queda na América Latina, atrás apenas da Venezuela, que teve perda de 7,6%, segundo a base de dados do The Conference Board. Apenas 14 dos 129 países pesquisados têm dados que mostram recuo na produtividade do trabalho no ano passado. A produtividade no Brasil correspondeu a apenas um quarto (24%) daquela dos Estados Unidos no ano passado, país que é referência do indicador.
— A queda da economia foi muito grande no ano passado, e o recuo do emprego não ocorreu na mesma proporção. Além disso, o efeito no emprego foi retardado, foi mais forte no segundo semestre. Com isso, há redução da produtividade. O Brasil está se afastando dos países mais produtivos e se aproximando dos menos produtivos — afirma o professor do Instituto de Economia da UFRJ João Saboia.
Mais do que um fenômeno recente, o fraco desempenho da produtividade tem sido uma realidade nos últimos anos, antes mesmo da atual recessão. No ano de 2015, a produtividade do trabalho no Brasil correspondia a US$ 28.289, considerando preços de 2014. Entre 2000 e 2015, a produtividade do trabalho avançou apenas 9,5% no Brasil, enquanto no Chile — que detém o maior índice da América do Sul — o aumento foi de 19,8%. As taxas de crescimento também foram expressivas na Colômbia (18,9%) e no Peru (36,8%), embora o mesmo não tenha ocorrido no México (3,3%).
‘LONGA ESTRADA PELA FRENTE’
No mundo, o ritmo de crescimento da produtividade vem diminuindo. Em 2015, o aumento foi de 1,4%, frente a 1,7% em 2014. Entre os países emergentes, o ritmo de expansão da produtividade do trabalho passou de 2,6% em 2014 para 1,9% em 2015.
— A produtividade do trabalho no Brasil corresponde a 88% da média mundial, mas a apenas um terço da registrada nas economias avançadas e a um quarto da produtividade dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, está 30% acima da média das economias emergentes e corresponde a 85% da média da América Latina. Obviamente, o Brasil se sai melhor que algumas economias emergentes na Ásia, mas não tão bem quanto seus vizinhos na América Latina. O Brasil ainda tem uma longa estrada pela frente, está muito longe da fronteira, os Estados Unidos — afirma o economista sênior do The Conference Board, Abdul Erumban, responsável pelo indicador.
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