Após semanas protelando as negociações com os trabalhadores e não atendendo à pauta de reivindicações do SindBebidas-GO, a empresa Refrescos Bandeirantes, subsidiária da Coca-Cola em Goiás, teve um revés inesperado. Na manhã de segunda-feira, dia 09 de junho, os trabalhadores promoveram paralisação e aprovaram em assembleia o indicativo de greve nas portas de suas unidades em Trindade-GO e em Anápolis-GO.
Marcelo Seixas, presidente do SindBebidas-GO, o sindicato que representa a categoria, desceu com força total para porta da unidade de Trindade-GO e o Sindicato dos Metalúrgicos de Anápolis, em apoio ao SindBebidas-GO, comandou através de seu diretor, Divino Cavalheiro, as ações na unidade de Anápolis-GO. As operações foram coordenadas com a participação de dezenas de entidades laborais, entre sindicatos, federações e confederações de classe de todo Brasil. Entre elas, as categorias dos metalúrgicos, de alimentação, de bebidas e dos quÃmicos de São Paulo e de Goiás. O presidente da Força Sindical nacional, Miguel Eduardo Torres, enviou suas lideranças e a Força Sindical Goiás através de seu diretor, o vereador do municÃpio de Goiânia, Felisberto Tavares, a partir das 4h30, levantou os ânimos dos trabalhadores no microfone e mobilizou o chão de fábrica na unidade trindadense. Até mesmo muitos supervisores e chefes da fábrica acompanharam a assembleia e apoiaram o protesto por melhorias das condições precárias de trabalho na empresa.
O que acontecia na matriz da empresa em Trindade, também acontecia na unidade em Anápolis. Sincronismo por direitos seria o termo correto. Divino Cavalheiro, dos Metalúrgicos de Anápolis com o apoio dos QuÃmicos da Força, do Sindicato dos QuÃmicos de Anápolis e do Sindicato dos Vigilantes de Anápolis, mobilizou todos os trabalhadores em paralisação histórica na cidade. Os trabalhadores nunca haviam parado a empresa por tanto tempo e a unidade de luta da categoria ficou evidente apesar das distintas cidades. Unidos e alinhados, os trabalhadores seguiram à risca os companheiros de Trindade.
Durante quatro horas de assembleia e de paralisação, os trabalhadores dos diferentes turnos e setores chegavam e se juntavam, pacificamente, à turma já presente que entoava o grito de “PARALISAÇÃO JÃâ€. Fato surpreendente foram os cartazes que os trabalhadores espontaneamente levaram para expor suas reivindicações democraticamente. A mensagem mais comum nos cartazes era o chamado de “MELHORIAS OU GREVE†o que deu o tom dos fatos que viriam a seguir.
Em Trindade, dando sequência, os sindicalistas de São Paulo e de Goiás continuaram a assembleia salientando as diferenças de salários entre as regiões sudeste (muito mais altos) e centro-oeste (muito mais baixos) e o fato dos preços de refrigerantes em ambas as regiões serem semelhantes. Fato esse que explica a margem de lucro da marca em Goiás ser exorbitante, pois é fruto da exploração desumana de seus trabalhadores que nessa empresa são tratados apenas como “colaboradoresâ€. A revolta das centenas de trabalhadores presentes na assembleia foi nÃtida quando foram levados a refletir o quanto são explorados para que os patrões tenham lucro máximo. Inferioridade de até 40% no piso salarial, falta de PLR e de benefÃcios foram citados compondo a lista vergonhosa de ausências da fábrica goiana frente à s similares de São Paulo. “Trazendo o apoio dos sindicalistas e companheiros do sudeste brasileiro, expomos os trabalhadores goianos à realidade mais vantajosa de lá e assim mobilizamos a base para ajudar na tentativa de unificação da luta por direitos iguais em todos os estados brasileirosâ€, declarou Marcelo Seixas.
Na pauta enviada aos patrões, os trabalhadores da empresa Refrescos Bandeirantes reivindicam implantação de PLR, aumento de 12,5%, diária de Vale Refeição de R$ 25,93, Piso Salarial para motoristas entregadores de R$ 1.102,00, para ajudantes de motoristas de R$ 961,52 e para auxiliar de produção de R$ 868,80, além da regularização em assembleia do banco de horas que foi proibido em decisão da 2.ª Turma do Tribunal do Trabalho de Goiás da 18.ª Região em processo movido pelo SindBebidas-GO contra a empresa que o utilizava à revelia e sem o consentimento dos trabalhadores, ilegalmente. “É um absurdo uma empresa subsidiária de uma das maiores multinacionais do mundo manter os trabalhadores em condições precárias de trabalho e de renda assim. Apresentaremos denúncias do caso internacionalmente.†Declarou Neuza Barbosa de Lima, diretora da FETIASP que foi bastante aplaudida pelos trabalhadores quando se prontificou a defendê-los expondo seu caso nas câmaras e fóruns internacionais de direitos trabalhistas e nas entidades de luta como a União Interamericana dos Trabalhadores na Alimentação (UITA).
Com a negativa da empresa em atender à pauta enviada pelo SindBebidas-GO e, também, não apresentar nenhuma contraproposta digna, Marcelo Seixas a pedidos dos trabalhadores presentes colocou em votação na assembleia, em Trindade-GO, o indicativo de greve que teve a aprovação totalitária dos trabalhadores e gerou a possibilidade de deflagração de paralisação geral a partir da primeira hora da próxima quinta-feira, dia 12 de junho, se a empresa não apresentar até lá uma contraproposta que atenda aos anseios dos trabalhadores.
Em tempos de copa do mundo, a prenunciada greve dos trabalhadores da subsidiária da Coca-Cola em Goiás ameaça tirar seus produtos das gôndolas nos supermercados da região centro-oeste. Mais uma “bola fora†para as megaempresas que querem vender uma imagem positiva para os turistas estrangeiros e não conseguem. Desrespeitam, aqui dentro, os direitos de quem produz com seu suor as riquezas do paÃs.
O SindBebidas-GO agradece em nome dos trabalhadores as seguintes entidades sindicais que prestaram seu apoio à assembleia do dia 09 de junho de 2014:
Força Sindical nacional Força Sindical Goiás Força Sindical São Paulo CNTA - Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins FETIASP - Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins do Estado de São Paulo
Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes
STIAG - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação dos Estados de Goiás e Tocantins SINPRF-GO - Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais de Goiás SITAC - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Campinas (SP)
STIAJ - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins de Jaboticabal Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins de Araraquara
STIAG - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins de Sorocaba Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins de Matão STIAP - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Piracicaba QuÃmicos da Força Sindicato dos QuÃmicos de São Paulo Sind. Q. F. Anápolis-GO Sindicato dos Metalúrgicos de Anápolis Sindicato dos Vigilantes de Anápolis
Por Força Sindical
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