Documentos, em posse da Comissão da Verdade, eram entregues ao governo militar, que buscava coibir greves e paralisações de trabalhadores
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros trabalhadores metalúrgicos sindicalistas teriam sido espionados pela montadora Volkswagen no Brasil, a pedido de agentes da Ditadura Militar, na década de 1980. As informações foram publicadas na manhã desta sexta-feira (5/9), pela agência de notícias Reuters.
Uma série de documentos recém-descoberta comprovaria que a empresa repassou, de forma secreta, as informações para os serviços de inteligência do governo militar, sem ter a autorização prévia dos empregados.
Os documentos, encontrados no mês passado, estão em posse da Comissão Nacional da Verdade, de acordo com a agência. Lula, na época um dirigente sindical, era um dos alvos da montadora. Informações sobre contas de empregados e informações das reuniões sindicais na Grande São Paulo – planos dos trabalhadores para greves, demandas por melhores salários e condições de trabalho – foram os principais conteúdos da espionagem.
Há indícios de que outras montadoras também teriam contribuído com informações para a Ditadura Militar. A Volkswagen teria relatado conteúdos de folhetos distribuídos nas portas de suas fábricas e até os nomes de quem fazia a panfletagem. Um relato curioso descrevia até que “vários trabalhadores foram pegos fumando maconha.
Em posse da documentação, segundo a reportagem, a polícia conseguia monitorar, perseguir e deter os sindicalistas. O objetivo principal era coibir as greves e paralisações.
Outro lado
Segundo a assessoria de imprensa da Volkswagen, a empresa irá se posicionar ainda hoje sobre o caso. A Comissão da Verdade também deve falar.