Segundo líder do movimento, acordo feito após greve de maio não está sendo cumprindo e situação 'está pior' do que antes; ANTT diz que fiscaliza casos. Paralelamente, prefeitura bloqueia ferrovia e cobra impostos de mineradora.
Vários caminhoneiros realizam um protesto nesta segunda-feira (29), em Catalão, região sudeste de Goiás, cobrando o cumprimento do piso mínimo do frete. Os veículos estão parados bloqueando as entradas das empresas da região e cobram fiscalização por parte da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para que os valores acordados sejam pagos.
O representante dos caminhoneiros, Wallace Landim, disse que o piso foi uma conquista da categoria a greve que parou o país em maio. Porém, segundo ele, a situação não melhorou.
Estamos fazendo uma manifestação exigindo o nosso direito, que conseguimos na última paralisação. Mas não estão repassando o valor para gente. Inclusive, está pior do que quando a gente parou daquela vez, disse Landim ao G1.
Ele explicou que a manifestação será realizada por tempo indeterminado.
Em nota, a ANTT disse que mantém constante diálogo com a categoria dos caminhoneiros e demais entidades envolvidas nesta questão. A empresa afirmou ainda que há duas equipes de fiscalização trabalhando na BR-050, próxima a Catalão, para verificar possíveis casos irregulares.
A agência declarou também que o piso mínimo de frete está vigente e que tem intensificado as fiscalizações para o cumprimento da regra.
Paralelo ao protesto dos caminhoneiros, a Prefeitura de Catalão usou máquinas pesadas para bloquear, desde às 6h, dois trechos da Ferrovia Centro-Atlântica S.A, usada para escoar a produção de minério. Segundo a administração municipal, a atitude é uma forma de cobrar da Mineradora Cmoc impostos sonegados nos últimos 47 anos. Uma auditoria independente constatou débitos no valor de R$ 105 milhões.
O prefeito de Catalão, Adib Elias (MDB), disse que, além da ferrovia, ao menos quatro pontos de acesso à empresa também foram bloqueados. Com isso, caminhões que transportam os produtos também estão sem rodar.
Tem 47 anos que a cidade não recebe o que é devido pela produção mineral de fósforo e nióbio. De um ano para cá, descobrimos que eram sonegados impostos e temos a documentação e mãos para comprovar os débitos de cerca de R$ 105 milhões, disse ao G1.
Elias afirmou que tenta há mais de um ano negociar com a empresa, mas não obteve sucesso. Por isso, teve que tomar uma atitude drástica.
Vamos manter a ferrovia bloqueada por tempo indeterminado até que essa pendência seja resolvida, afirma.
Em nota enviada ao G1, a assessoria da Cmoc disse que está em dia com o pagamento de todos os tributos necessários para a sua operação e que o valor requerido pela prefeitura está em avaliação administrativa, pois não corresponde à realidade.
A empresa afirmou ainda que, caso haja divergências, elas devem ser resolvidas com base no bom relacionamento entre as partes. Caso isso não seja possível, o problema será discutido na Justiça.
Por fim, a Cmoc disse que tomou as medidas necessárias para manter a segurança de seus empregados e a manutenção da produção.
Em nota, a concessionária que administra a ferrovia informou que o motivo do bloqueio não tem qualquer relação com as atividades da ferrovia e a ação prejudica a atividade da empresa e os usuários do transporte de cargas neste trecho.
Em 30 de maio, a agência publicou a primeira tabela, que gerou críticas de transportadoras e até do ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Ele argumentou, na ocasião, que os preços haviam dobrado.
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