Após um desempenho frustrante nos primeiros três meses do ano, o PIB reagiu diante de estímulos do governo ao investimento e de uma retomada da produção da indústria e cresceu 1,5% no segundo trimestre de 2013, na comparação com o período imediatamente anterior.
O índice é mais que o dobro do crescimento registrado no primeiro trimestre deste ano (0,6%, também comparado ao período anterior).
O dado, divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE, superou as previsões feitas pelo mercado. As principais instituições financeiras e consultorias projetavam um avanço entre 0,8% a 1%. Foi também o maior crescimento do PIB nessa base de comparação desde o primeiro trimestre de 2010, quando o indicador havia registrado expansão de 2% numa fase de retomada pós-crise global de 2008 e 2009.
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Para Rebeca Palis, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, o crescimento do PIB "foi generalizado" no segundo trimestre, com quase todos os subsetores crescendo num ritmo superior a 0,5% --considerado como uma expansão significativa pelo IBGE.
Na comparação com o segundo trimestre de 2012, a economia brasileira registrou alta de 3,3%. Com esse resultado, a variação acumulada no primeiro semestre ficou em 2,6%. Em valores, o PIB somou R$ 1,2 trilhão no segundo trimestre.
Na taxa anualizada (quatro trimestres encerrados em junho), o PIB somou um avanço de 1,9%. Tal desempenho está abaixo do que o governo prevê para 2013, um crescimento de apenas 2,5% --projeção reduzida neste mês de agosto pela Fazenda.
INVESTIMENTO
Impulsionado pela redução de tributos a alguns setores e crédito subsidiado pelo governo para o investimento (especialmente de linha do BNDES), a chamada formação bruta de capital fixo (investimento em máquinas, equipamentos e construção civil principalmente) cresceu 3,6% entre abril e junho ante o primeiro trimestre.
Ainda sob a ótica da demanda, o consumo das famílias avançou apenas 0,3%. Já o consumo do governo cresceu 0,5%.
Do lado da produção, o destaque ficou com a indústria, com alta de 2% na comparação com o primeiro trimestre. O desempenho do setor industrial foi o melhor desde o segundo trimestre de 2010 --alta de 2,5% naquela ocasião.
A agropecuária, setor de menor peso, registrou alta de 3,9%. O setor de serviços, responsável por mais de 60% do PIB, teve avanço de 0,8% também em relação ao primeiro trimestre.
Antes ainda da disparada recente do dólar (que muitos especialistas dizem tem o potencial de ampliar as vendas externas do país), o setor externo teve desempenho bom no segundo trimestre, com crescimento de 6,9% na exportações de bens e serviços. Já a alta de 0,6% nas importações em relação ao primeiro trimestre foi num ritmo menos intenso.
CENÁRIO
A melhora da economia no segundo trimestre, porém, não deve perdurar neste terceiro trimestre, segundo analistas. É que os dados já disponíveis indicam que a atividade econômica perde força neste trimestre, apontando para queda da produção industrial e recuo das vendas no varejo. Há ainda queda dos indicadores de confiança de empresários e consumidores.
A prévia do PIB mensal projetada pelo Itaú Unibanco para julho ficou negativo, por exemplo, em 0,4%. Uma fonte adicional de incerteza é a alta do dólar, dizem analistas.
Por Pedro Soares - Folha de S.Paulo
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