BC baixa para 1,6% previsão de alta do PIB e vê inflação perto do teto

BC v� at� 48% de chance de infla��o estourar teto da meta este ano. Para 2015, BC tamb�m sobe sua previs�o para comportamento dos pre�os.

O Banco Central baixou nesta quinta-feira (26), sua previs�o para o crescimento da economia brasileira este ano: de uma expectativa de 2%, o BC agora espera que o Produto Interno Bruto (PIB) cres�a 1,6% este ano.

A estimativa para a infla��o de 2014, por sua vez, subiu para 6,4% � muito perto do teto de 6,5% vigente no sistema de metas de infla��o. Os dados constam do relat�rio de infla��o do segundo trimestre deste ano.

Apesar da redu��o, a estimativa do BC para o crescimento do PIB ainda est� acima do que estima o mercado financeiro, cuja expectativa de alta do Produto Interno Bruto (PIB), feita na semana passada, � de 1,16% para 2014. O valor, por�m, est� abaixo da estimativa feita pelo Minist�rio da Fazenda e presente no Or�amento deste ano, de alta de 2,5% do PIB. No ano passado, o PIB brasileiro cresceu 2,5%.

Para o BC, o consumo tende a continuar em "expans�o em ritmo mais moderado do que o observado em anos recentes" e os investimentos tendem a "ganhar impulso". "O cen�rio de maior crescimento global, combinado com a deprecia��o do real, tende a favorecer o crescimento da economia brasileira", informou.
O Banco Central tamb�m avaliou que, "em prazos mais longos", surgem "perspectivas mais favor�veis � competitividade da ind�stria, e tamb�m da agropecu�ria; ao mesmo tempo em que o setor de servi�os "tende a crescer a taxas menores do que as registradas em anos recentes".

Infla��o

Ao mesmo tempo em que baixou sua estimativa para o crescimento da economia brasileira, o Banco Central tamb�m passou a prever mais infla��o tanto para este ano quanto para 2015.

A expectativa para o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano passou de 6,1% a 6,2% para 6,4%. Para o ano que vem, a previs�o para o comportamento da infla��o subiu de 5,5% para um valor entre 5,7% e 6% � dependendo do cen�rio considerado.

Mesmo com o aumento, a previs�o de infla��o do Banco Central ainda est� um pouco abaixo do que estima o mercado financeiro. Para este ano, os economistas dos bancos esperam que o IPCA avance para 6,46% e que chegue a 6,1% em 2015.

O Banco Central tamb�m admitiu nesta quinta-feira que aumentou a chance de o IPCA deste ano ficar acima do teto de 6,5% do sistema de metas de infla��o. Em mar�o, a chance de acontecer o chamado "estouro" da meta de infla��o estava entre 38% e 40%. No documento divulgado nesta quinta, o BC informa que essa possibilidade passou para um valor entre 46% e 48%.

Sistema de metas

Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pr�-estabelecidas, tendo por base o IPCA. Para 2014 e 2015, a meta central de infla��o � de 4,5%, com um intervalo de toler�ncia de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Deste modo, as estimativas do BC divulgadas nesta quinta-feira mostram o IPCA longe da meta central de 4,5% estabelecida para 2014 e 2015, embora ainda esteja dentro do intervalo de toler�ncia existente. O teto do sistema de metas de infla��o brasileiro � um dos mais altos do mundo.

O aumento da expectativa de infla��o do BC acontece apesar da alta dos juros b�sicos da economia, que subiu entre abril do ano passado e maio deste ano. Neste per�odo, taxa Selic subiu 3,75 pontos percentuais, de 7,25% ao ano para 11% ao ano. Foram nove eleva��es seguidas no juro b�sico do pa�s - promovidos pela pr�pria autoridade monet�ria justamente com o objetivo de conter o avan�o da infla��o.

O BC afirmou que a transmiss�o das a��es de pol�tica monet�ria (altas de juros) para a infla��o ocorre com defasagens. "Nesse processo, diversos canais � por exemplo, da demanda, do cr�dito, do c�mbio, e das expectativas � est�o envolvidos e operam n�o necessariamente com a mesma intensidade e simultaneamente", avaliou, acrescentando que antes de alcan�ar os pre�os, as altas de juros "interferem nas decis�es de consumo e de investimento de fam�lias e de firmas".

'Fonte de risco'

O BC tamb�m avaliou, no relat�rio de infla��o, que uma "fonte de risco" para a infla��o est� no comportamento das expectativas para os pre�os, "impactadas negativamente nos �ltimos meses pelo n�vel da infla��o corrente, pela dispers�o de aumentos de pre�os, e, sobretudo, por incertezas que cercam a trajet�ria de pre�os (como o da gasolina) e tarifas de servi�os p�blicos (por exemplo, eletricidade e �nibus urbano) com grande visibilidade".

O BC tamb�m ponderou que um "risco importante" para a infla��o vem do mercado de trabalho, que mostra "margem estreita de ociosidade" com possibilidade de concess�o de aumentos reais de sal�rios "incompat�veis com o crescimento da produtividade". Entretanto, observou que "antecipam-se desenvolvimentos que tendem a contribuir para o arrefecimento de riscos originados no mercado de trabalho, como a concess�o de menores reajustes do sal�rio m�nimo e para os sal�rios de servidores p�blicos".

O banco avaliou, por�m, que as press�es inflacion�rias ora presentes na economia � a exemplo das decorrentes dos processos de realinhamentos de pre�os e de ganhos salariais incompat�veis com ganhos de produtividade � tendem a arrefecer ou, at� mesmo, a se esgotarem ao longo do horizonte relevante para a pol�tica monet�ria, ou seja, nos pr�ximos anos.

Por Alexandro Martello - G1