Governo retirou da Assembleia projeto com alterações nos valores. Aumento pode ser em 2015
O governo do Estado recuou e orientou a retirada, ontem, da pauta de votação da Comissão Mista da Assembleia Legislativa de Goiás, do projeto de lei que propõe o reajuste das taxas dos serviços prestados pelo Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO). Alguns dos valores sofreriam aumentos que excedem os 1.000%, chegando à casa dos 3.100%, o que surpreendeu os deputados e motivou a decisão do governo de reavaliar o teor da proposta e os preços sugeridos.
Coube ao líder do governo, o deputado-estadual Fábio Sousa (PSDB), a retirada do projeto, que começou a ser apreciado ontem pelos integrantes da Comissão Mista, mas que não chegou a ser votado. Acontece hoje a última sessão do ano na Assembleia Legislativa. Diante disso e em razão do trâmite interno que todo projeto precisa percorrer até a votação em plenário, o governo do Estado informa que a proposta só deve retornar à Casa no ano que vem.
Alguns reajustes de valores chamam a atenção no projeto, como é o caso da taxa de licença especial para trânsito de veículo até o destino onde ele será registrado. O valor atual cobrado pelo Detran-GO é de R$ 5,41 e subiria para R$ 173,24, conforme a alteração sugerida, o que provocaria um aumento real de 3.102,2%. Outro reajuste elevado seria o da taxa de permanência no pátio do Detran-GO de veículo retido ou apreendido. O valor cobrado por dia subiria de R$ 2,71 para R$ 45, um aumento de 1.560,5%.
A tabela de preços é anexa ao Código Tributário do Estado. A última atualização do texto e a adequação da relação dos serviços, conforme as mudanças da lei de trânsito e da estrutura do Detran-GO, ocorreu em 2010. De lá para cá, a tabela veio sofrendo reajustes anuais dos valores, de acordo com o Índice Geral dos Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), estipulado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O projeto encaminhado pelo governo propunha uma alteração não só dos preços, mas também da relação dos serviços, já que alguns deles deixaram de ser realizados pelo Detran e passaram a ser executáveis pelo próprio usuário no site do órgão.
A reportagem tentou falar com o presidente do Detran-GO, João Furtado Neto, mas ele alegou, via assessoria de Comunicação, desconhecer o teor do projeto final que foi encaminhado à Assembleia e que preferia analisá-lo primeiro. Ele explicou que, de fato, o órgão apresentou uma proposta de reajuste ao governo, baseada em algumas ações e direcionamentos de partes da receita do órgão para cobrir outras áreas da gestão pública, mas que não teve acesso ao texto final e ao que foi despachado pela Casa Civil.
Segundo Furtado, os fundamentos da proposta de reajuste das taxas, defendida pela presidência do Detran-GO, teriam partido de um outro projeto de lei do governo encaminhado à Assembleia e que estipula o vínculo de parte da receita do órgão com o financiamento da Segurança Pública, aumentando o repasse de 8% para 15%. Além disso, o mesmo projeto prevê também o repasse de 7% da receita do Detran para cobrir as gratuidades da tarifa do transporte coletivo, oferecidas a estudantes, idosos e portadores de deficiência física.
MUDANÇAS
Mesmo que o projeto tenha sido retirado da pauta, é possível perceber para quais áreas estão mais direcionadas as tendências de reajuste da tabela de preços. Em comparação à tabela vigente, a que chegou à Assembleia na terça-feira não cita algumas taxas existentes de vistoria e fiscalização relacionadas aos estabelecimentos parceiros, como centros de formação de condutores (CFCs) e autoescolas. Além disso, a nova proposta manteve em R$ 251,75 o valor do curso de reciclagem para instrutor, examinador de trânsito, diretor geral e de ensino de CFCs.
Por outro lado, o projeto sugere um aumento do valor do curso de reciclagem para condutores infratores, que hoje pagam R$ 94,74 pelo curso e, caso o projeto fosse aprovado, passariam a pagar R$ 251,75, o mesmo preço cobrado de examinadores e instrutores. Observa-se ainda uma tendência de aumento das taxas de todas as categorias de licenciamento e das autorizações para gravar ou regravar a numeração do chassi, mas com um valor que já inclui a vistoria veicular.
Emplacamento de veículos só até sexta
Amanhã é o último dia para o consumidor comprar e garantir o emplacamento de veículos novos ainda este ano em Goiás, desde que conte com a sorte . Isso porque o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) vai interromper o serviço de inclusão de veículos entre os dias 20 de dezembro e 4 de janeiro para fazer a migração do sistema de Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Na prática, neste período o consumidor vai poder comprar o veículo, mas corre o risco de ter o bem apreendido se for pego rodando sem placas e sem documentos.
De acordo com os concessionários e despachantes, para o consumidor conseguir rodar com o veículo novinho ainda este fim de ano, o certo é realizar a compra hoje, pois amanhã dependerá da forma de negociação e de uma pitada de sorte. Atualmente, de acordo com o Sindicato dos Despachantes do Estado de Goiás (Sindego), a regularização de um veículo leva cerca de cinco horas.
A estimativa inicial do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Automotores de Goiás (Sincodive-GO), é de que 6,5 mil veículos, entre carros de passeios e comerciais leves, caminhões e motos, fossem vendidos e ficassem irregulares neste período de paralisação. Mas o presidente da entidade, José Roberto Ventura da Silva Júnior, acredita que, graças à mobilização das concessionárias, este número seja inferior.
“Em função dessas dificuldades, as concessionárias em Goiás venderam um número maior que o registrado normalmente nas primeiras semanas de dezembro”, explica.
Outros serviços também estarão suspensos até 2015
Durante o período de migração do sistema, também não será possível executar serviços como transferência de propriedade, licenciamento, segunda via de Certificado de Registro de Veículos (CRV), além da inclusão de veículos novos. Como reflexo dessa paralisação, o pátio do Detran ontem estava lotado de pessoas para fazer a vistoria necessária para transferência de propriedade. Na terça-feira, as unidades de Vapt-Vupt registraram recorde de atendimento ao órgão: 2.862 serviços.
A novela sobre os problemas gerados pela paralisação começou no início do mês, quando o órgão informou que entrava no pacote documentos necessários para a liberação de financiamentos (gravame).
A preocupação das concessionárias era que essa medida iria emperrar as vendas financiadas e de cartas de crédito de consórcio. Mas após mobilização do setor, o Detran voltou atrás e informa que o sistema de migração não irá afetar o Serviço Nacional de Gravame (SNG). “Não teremos o emplacamento, mas ficou resolvida a questão do gravame. Sem o gravame teríamos queda de até 50% nas vendas”, diz Nicolau Bittar, da Nisa Hyundai.
No dia 5 de janeiro, será aberto um prazo para que os usuários realizem os serviços represados sem prejuízos.
Por Galtiery Rodrigues - O Popular
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