O principal receio é que as medidas oferecidas pelo presidente Michel Temer (MDB) sejam apenas provisórias
Caminhoneiros que estão parados nas rodovias estaduais e federais que cortam Goiás afirmam que o anúncio feito pelo governo federal na noite de domingo (27) não foi suficiente para desmobilizar o movimento no Estado e interromper a paralisação que já está em seu 8º dia. O principal receio é que as medidas oferecidas pelo presidente Michel Temer (MDB) sejam apenas provisórias.
A única ação que foi comemorada pelos caminhoneiros foi a suspensão da cobrança de pedágio sobre eixos suspensos de caminhões vazios, medida já publicada no Diário Oficial da União (DOU) que vale para rodovias estaduais e federais. Era um dos três principais pontos reivindicados pelos manifestantes.
Entretanto, a redução do preço do litro do diesel em 0,46 centavo por 60 dias foi bastante criticada porque os manifestantes acreditam que após dois meses o combustível voltará a subir diariamente, inviabilizando novamente os fretes. Eles também reclamaram da forma como o governo federal anunciou o preço mínimo para o frete no país, sem informar ainda valores e sem ser pela aprovação do projeto de lei que tramita desde 2006 no Congresso Nacional.
“A galera optou por permanecer parada. Vamos esperar até o governo anunciar medidas para valer. Porque agora é tudo provisório. 60 dias não resolve. O movimento está cada vez mais forte, a população está apoiando e se a gente desmobiliza agora o governo volta tudo como tava antes”, disse Mauro de Castro Machado Junior, um dos caminhoneiros que estão à frente da mobilização no ponto de bloqueio na BR-153 em Aparecida de Goiânia.
O presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de Goiás (Sindicam-GO), Vanderli Caetano, disse que no Sudoeste goiano a mobilização também não cedeu após o anúncio de Temer. “Os caminhoneiros aqui não aceitaram essa proposta. Quando a tabela não virar lei, não adianta. Eles olham com desconfiança porque já tiveram experiência de depois o governo voltar atrás e ficar tudo igual.”
Nos grupos de WhatsApp, caminhoneiros trocam mensagens em tom de desconfiança, recusando-se a aceitar as propostas de Temer e reforçando ataques à mídia e aos representantes da categoria que negociam com o governo federal. Conforme a reportagem apurou, manifestantes de vários Estados trocam informações – verdadeiras ou não – por meio de aplicativos e a partir deles estão tomando suas decisões.
Por Márcio Leijoto - O Popular
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