Apesar do saldo negativo, resultado ainda foi o melhor para novembro desde 2010, conforme os dados do Caged, divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego
A quebra sazonal da produção do complexo sucroalcooleiro, construção civil e do setor agropecuário, foi a maior contribuição para que Goiás registrasse uma perda de 6.528 postos de trabalho em novembro. O resultado negativo, comum para este período do ano, ainda foi o melhor para o mês desde 2010. No acumulado do ano, Goiás configurou em sétimo lugar, e nos últimos 12 meses, em quinto.
Os dados foram divulgados ontem e são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Entre todos os setores, o que mais demitiu foi o da construção civil (-4.024).
Essa desaceleração é comum quando se inicia o período chuvoso. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil (Sintracom), José Braz, afirma que a tendência é de que as demissões ocorram até o carnaval.
Ele afirma ainda que o modelo de empregabilidade do setor gera alta rotatividade. “Três empresas se unem para tocar uma obra e demitem os funcionários logo quando termina. Eles ficam pulando de obra em obra”, afirma.
Apesar da indústria da construção civil vir registrando queda no volume das vendas e, de quebra, apresentar cautela de investimentos para o próximo ano, José Braz acredita que esses funcionários serão absorvidos pelo setor ainda no primeiro semestre de 2015. “São pessoas qualificadas”, diz.
AGRONEGÓCIO
Com a queda do preço das commodities de milho e soja, o produtor goiano pisou no freio e reduziu custos. A agropecuária demitiu 2.284 trabalhadores no mês passado e boa parte deste cenário está vinculada ao município de Cristalina, o que mais demitiu no mês passado, 1.022 trabalhadores.
O que pode causar estranheza é que o município é detentor do maior Produto Interno Bruto (PIB) agrícola nacional em 2012, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e é reconhecido pela diversidade de culturas e de lavouras irrigadas. “Observando o cenário dos preços do milho, soja e feijão, muitos produtores estão diminuindo a contratação de mão de obra. É uma forma de reduzir custo”, afirma o presidente do Sindicato Rural de Cristalina, Alécio Maróstica.
Este é o segundo mês seguido que a cidade configura entre as que mais demitem em Goiás. Segundo Alécio, os encerramentos das colheitas das culturas como batata, cebola, alho, café e feijão contribuíram para a perda acumulada de 2.083 postos de trabalho em dois meses. “E muitos produtores tiveram prejuízo com os preços baixos”, diz.
SUCROALCOOLEIRO
Ao contrário dos demais segmentos, o clima até favoreceu o setor sucroalcooleiro. Para as plantações de cana-de-açúcar, o regime de chuvas em Goiás, bem distribuído no primeiro semestre, aliado ao o prolongamento da estiagem, retardaram as demissões. De forma geral, o setor começa a desligar os funcionários em outubro.
“Das 35 unidades presentes em Goiás, 13 paralisaram suas atividades em novembro”, afirma o presidente do Sindicato de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg), André Rocha. A indústria da transformação eliminou 3.153 empregos formais no mês passado.
Vagas voltam a crescer, mas ritmo é fraco
Brasília - Depois de um outubro de corte de vagas, o mercado de trabalho formal brasileiro voltou a contratar em novembro, mas com um desempenho “modesto”, na avaliação do próprio governo.
As contratações com carteira assinada superaram as demissões em 8.381, informou o Ministério do Trabalho. É o resultado mais fraco para o mês desde 2008 e 82% inferior ao registrado em novembro do ano passado, quando foram criados 47,5 mil postos.
Mesmo assim, o ministro Manoel Dias afirmou ter sido um resultado surpreendente, já que a tendência é novembro ser mais fraco nas contratações do que outubro - que neste ano registrou uma baixa de 30 mil vagas.
INCERTEZA
Dias anunciou os dados do Caged em Florianópolis. Para ele, houve um atraso nas contratações de fim de ano no comércio, em razão do cenário de incerteza com as eleições.
De janeiro a novembro, foram 938 mil novos postos de trabalho criados. No acumulado do ano, é o pior resultado desde 2003, quando foram criadas 861 mil postos.
Como dezembro é um mês marcado por demissões, sobretudo pelo fechamento de vagas temporárias criadas para atender a demanda de fim de ano, o governo espera encerrar o ano com a criação de 700 mil vagas, o que será o pior resultado desde pelo menos 2002, início da série disponibilizada pelo ministério.
A expectativa, portanto, é de que sejam demitidos cerca de 200 mil trabalhadores neste dezembro, menos da metade das vagas fechadas em dezembro do ano passado -508 mil.
INDÚSTRIA
As baixas mais expressivas do mês ocorreram na construção civil, que fechou 48,9 mil vagas, no segundo mês seguido de demissões.
Novembro foi o pior mês no ano para o emprego na indústria, onde 43,7 mil postos foram fechados. A indústria de transportes, na qual estão incluídas as montadoras, vem demitindo há oito meses. Em novembro, foram 2,8 mil vagas a menos.
Os empregos na agricultura também tiveram queda expressiva -foram 32,1 mil vagas fechadas em novembro, sobretudo em função das demissões nos canaviais.
Em compensação, o comércio foi o setor com melhor desempenho nas contratações, com a criação de 105 mil novos postos de trabalho.
Por Karina Ribeiro - O Popular
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