Inflação oficial fica em 0,4% em junho, mas estoura a meta em 12 meses

Em rela��o a maio, varia��o do IPCA mostra desacelera��o. Com a Copa, as tarifas a�reas e os hot�is subiram mais de 20%.

A infla��o oficial do pa�s desacelerou de maio para junho, passando de 0,46% para 0,4%. No entanto, em 12 meses, o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 6,52%, acima do teto da meta de infla��o do Banco Central, de 6,5%. O limite havia sido ultrapassado pela �ltima vez em junho de 2013, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).

A previs�o � pr�xima � do mercado financeiro. Segundo o boletim Focus desta semana, divulgado pelo Banco Central, os analistas projetam um IPCA de 6,46% para 2014.

Com o resultado de junho de 2014, a infla��o oficial fechou o primeiro semestre deste ano em 3,75% � taxa superior � de um ano atr�s, 3,15%. Em junho do ano passado, o IPCA havia ficado em 0,26%.

�Esse resultado [de junho] � bastante peculiar, porque a maioria dos grupos de produtos e servi�os pesquisados perdeu folego em rela��o ao m�s anterior, especialmente o grupo dos alimentos, que chegou a apresentar uma pequena queda�, disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de �ndices de Pre�os do IBGE.

Alimentos mais baratos, passagens mais caras

Seguindo a mesma tend�ncia pelo terceiro m�s seguido, os pre�os de alimenta��o e bebidas recuaram 0,11% em junho, depois de terem subido 0,58% em maio. Esse foi o menor resultado desde julho de 2013 (-0,33%), de acordo com o IBGE. Em 12 meses, o grupo acumula alta de 7,51%.

"O Brasil espera colher 192 milh�es de gr�os neste ano. Isso significa uma alta em rela��o � safra anterior de cerca de 2%. Al�m disso, outros pa�ses, como os Estados Unidos, e a Uni�o Europeia, j� v�m divulgando proje��es bem promissoras para a safra de 2014. Ent�o, isso vem fazendo com que, n�o s� no Brasil, mas em todo o mundo, os pre�os dos alimentos recuem�, disse.

Os alimentos consumidos em casa ficaram 0,60% mais baratos em junho, depois de subirem 0,41% no m�s anterior. As maiores quedas foram nos pre�os da batata-inglesa (-11,46%) e do tomate (-9,58%).

J� os alimentos consumidos fora de casa n�o ficaram mais baratos, mas os pre�os subiram menos (de 0,91% para 0,82%), com destaque para refei��o (de 0,96% para 0,75%), refrigerante (de 1,29% para 0,51%) e cerveja (de 0,34% para 0,01%).

"O tomate e o feij�o, importantes na mesa da fam�lia, est�o todos com resultado negativo. A cerveja, apesar da Copa, passou de 0,57% para zero em junho, mas nos 12 meses, a alta j� est� em 10,87%", afirma Eulina. Ela lembrou que o setor de bebidas foi um que pediu ajuda e conseguiu adiar o aumento de impostos.

Com a Copa, as tarifas a�reas ficaram, em m�dia, 21,95% mais caras e influenciaram o grupo de gastos com transportes. Depois de a taxa ter ca�do 0,45% em maio, subiu 0,37% no m�s seguinte.

As di�rias dos hot�is tamb�m tiveram seus pre�os reajustados. A alta de 25,33% puxou o avan�o do grupo das despesas pessoais (de 0,80% para 1,57%), "configurando tanto a maior varia��o quanto o principal impacto de grupo".

Tirando as varia��es desses grupos, influenciados fortemente pelo Mundial, o restante mostrou taxas menores de um m�s para o outro.

No caso das despesas com habita��o, houve redu��o de 0,61% em maio para 0,55% em junho, mesmo com o aumento do pre�o de �gua e esgoto, aluguel residencial e artigos de limpeza. Isso porque a energia subiu menos, de 3,71%, em maio, para 0,13%, em junho.

O grupo de sa�de e cuidados pessoais registrou avan�o de 0,60%, abaixo da taxa de maio, de 0,98% do m�s anterior. Tamb�m foram verificados recuos no grupo de artigos de resid�ncia (de 1,03% para 0,38%) e de vestu�rio (de 0,84% para 0,49%).

"Vestu�rio n�o tem peso como transportes, mas tem ajudado a segurar a taxa. O peso dos transportes � de 18,61% (� o segundo maior peso), que tamb�m vem contendo a taxa [o grupo dos transportes] com a gasolina, que n�o tem subido, o �nibus�, disse Eulina.

Em comunica��o, a taxa foi de 0,11% para -0,02%, e, em educa��o, de 0,13% para 0,02%.

�A gente observou, de um m�s para o outro, o grupo que teve mais peso de conter a taxa, foi o grupo dos alimentos. Por setores de despesas das fam�lias, as varia��es foram mais reduzidas. Ent�o, dos 9 grupos pesquisados, 7 deles apresentaram resultados inferiores em rela��o ao m�s de maio, especialmente, que foi isso que fez recuar a taxa, foi o grupo dos alimentos. O grupo que vinha puxando as taxas desacelerou pelo terceiro m�s consecutivo e chegou a apresentar defla��o�, explicou.

Tarifa de hotel sobe mais no Recife

Na an�lise regional, o maior IPCA foi encontrado no Recife (0,71%). Os hot�is da cidade aumentaram, em m�dia, 32,69% o valor das suas tarifas. Na outra ponta, a cidade que menos reajustou pre�os foi Bel�m, cujo �ndice variou 0,21%, influenciado pela queda de pre�os dos alimentos consumidos em casa (0,56%).
INPC

O IBGE tamb�m divulgou nesta ter�a-feira o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor (INPC). O �ndice teve varia��o de 0,26% em junho, abaixo do 0,60% de maio. O primeiro semestre do ano fechou em 3,79%. Em 12 meses, o indicador acumula alta de 6,06%. Em junho de 2013, o INPC foi de 0,28%.

Enquanto o IPCA � mais abrangente e analisa os gastos de fam�lias com rendas diferentes (de 1 a 40 sal�rios m�nimos), o INPC verifica a varia��o do custo m�dio das fam�lias com rendimento familiar mais baixo, entre 1 e 5 sal�rios m�nimos.

Greve dos funcion�rios

Nesta segunda-feira (7), servidores do IBGE realizaram assembleias em v�rias partes do pa�s e, segundo a diretora-executiva do sindicato, Ana Magni, reafirmaram a continuidade da greve. No entanto, segundo Eulina, ela n�o afetou os resultados do IPCA.

�A coleta de IPCA no per�odo de greve foi integral, n�o tivemos aus�ncia de informa��o. N�o foi tranquila, porque a gente teve todas as equipes funcionado, mas funcionando com n�mero menor de pessoas, sem aquelas que aderiram � greve, e as pessoas que n�o aderiram fizeram trabalho de todo mundo. Claro que as pessoas est�o cansadas, mas sabem que � assim que tem que ser�, declarou.

A greve dos servidores come�ou em 26 de maio. O sindicato nacional reivindica que o IBGE seja tratado como �rg�o de Estado e n�o de governo. Os funcion�rios pedem ainda autonomia t�cnica, refor�o no or�amento condizente com plano de trabalho e valoriza��o salarial.

Por Anay Cury e Cristiane Cardoso - G1