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Real completa 20 anos em circulação com perda de 80% de seu valor

Nesta terça-feira (1º), a moeda completa duas décadas de uso no Brasil. Poder de compra do brasileiro aumentou, mas inflação ainda corrói renda.

O real entrou em circulação há exatos 20 anos, deixando para trás uma inflação de três dígitos e o consequente troca-troca de moedas. Com a estabilização da economia, alcançada por meio de um conjunto de mudanças que recebeu o nome de Plano Real, o brasileiro experimentou por um tempo a sensação de ver seu dinheiro valendo mais.

“Era muita inflação, e eram muitos zeros. Não haveria caixa registradora que conseguisse registrar tantas casas decimais se o real não tivesse sido criado”, disse Davi Simão Silber, professor de economia da Universidade de São Paulo (USP). Antes do real, os preços disparavam de um dia para o outro e a variação média chegava a 100% em um mês.

Apesar do trabalho que deu para o brasileiro se acostumar com a nova moeda – muitos usavam calculadoras para transformar a moeda anterior (cruzeiro real) em real e ter uma referência de quanto o produto valia –, o plano deixou como herança a possibilidade de se planejar gastos.

“O brasileiro aprendeu o verdadeiro valor do dinheiro. Soube quanto ganhava efetivamente e o real valor dos bens que poderia adquirir. Conseguimos entender os juros no Brasil e a necessidade de se ter metas claras de combate à inflação. A capacidade de compra aumentou, determinada pela estabilidade da economia. E o mais importante é que durante os anos de estabilidade, todo brasileiro começou a planejar o futuro, elaborar um planejamento financeiro de longo prazo”, diz Fabiano Guasti Lima, pesquisador do Instituto Assaf.

O que dá para comprar com R$ 1?

A hiperinflação foi extinta na década de 1990, mas os preços continuaram subindo ao longo dos anos, e o R$ 1, que antes comprava dez pãezinhos ou até mesmo um quilo de frango, hoje não paga muito mais que um punhado de balas e chicletes.

É difícil achar produtos por R$ 1. No hortifruti, é possível comprar pouca coisa: algumas laranjas, cebolas ou uma maçã. Na padaria, consegue-se comprar menos de três pães, com o quilo beirando os R$ 8. Entre os industrializados, nada muito saudável fica dentro desta faixa de preço, a não ser sucos em pó, gelatinas e refrigerantes. Procurando bem, encontra-se um chocolate ou biscoito em promoção, garrafas de água de 300 ml ou uma lata de ervilha. (Veja vídeo acima)

Considerando a inflação acumulada de julho de 1994 até maio deste ano, de 359,89% pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o poder de compra da moeda brasileira caiu perto de 80%. Assim, R$ 1 de 20 anos atrás vale agora R$ 0,21, bem como R$ 10 daquela época foram reduzidos a R$ 2,13. Quando comparada a quantia de R$ 100 em 1994 e neste ano, a diferença chega a R$ 78,70. Os cálculos são do matemático José Dutra de Oliveira Sobrinho.

Como está a inflação hoje

Segundo Silber, professor da USP, o país hoje convive com uma inflação que não pode ser considerada baixa, mesmo que fique longe da alta de preços do início dos anos 90.

“A literatura considera alta [inflação] quando passa de 10% ao ano. Baixa é de até 3%. O Brasil está no meio do caminho [cerca de 6%]. Hoje, a inflação neste país é de arrocho salarial [quando os reajustes de salário não acompanham a inflação]. Se tirar os preços que o governo controla, como de ônibus, gasolina e energia, a inflação seria desconfortável. E o pessoal de mais baixa renda é o que mais sente, não consegue mais comprar carne todo dia”, afirma.

Preços acima da média

Alguns gastos subiram ainda mais que a inflação desde o início do Plano Real e preocupam quem se acostumou com a estabilidade. “O brasileiro é muito mais sensível a um aumento na taxa de inflação. Sem a adoção do Plano Real, certamente, ela continuaria bastante descontrolada, nos patamares observados anteriormente ao plano ou até pior”, diz Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria.

A cesta básica vendida na cidade de São Paulo, por exemplo, ficou 443,82% mais cara, enquanto a inflação acumulada foi de 359,89%. O preço da cesta era de R$ 67,40 em julho de 1994 e passou para R$ 366,54 em maio deste ano, de acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

“O medo atual da inflação se deve à perda de poder de compra que sentimos no nosso bolso. Compramos menos coisas que comprávamos no início do Plano Real. Sem ele [plano], que lançou as bases de estabilidade da economia, a situação seria bem crítica. Teríamos inflação bastante elevada, alto nível de desemprego e crescimento medíocre do PIB [Produto Interno Bruto]. A Argentina hoje é um reflexo desse cenário”, diz o pesquisador do Instituto Assaf.

O reajuste do salário mínimo ao longo dos anos também fez o brasileiro sentir como a inflação corroeu seu poder de compra, que havia sido retomado nos idos de 1994. De R$ 64,79, o piso passou para R$ 724. Sem tirar a inflação, o aumento no valor é animador, mas, quando a taxa é considerada, o crescimento é bem menor, de 146%, conforme aponta estudo do Instituto Assaf.

Aplicações financeiras

A inflação pesou sobre os ganhos de quem tinha aplicações. A rentabilidade da poupança foi de 1.182,18% de julho de 1994 até março deste ano. Tirando a inflação, cai para 182,01% de valorização.
No caso do CDB (Certificado de Depósito Bancário), a rentabilidade acumulada foi ainda maior, de 2.059,19%. Porém, desconsiderando a inflação, cai para 374,9%.

Entre todas as aplicações analisadas pelo estudo do Instituto Assaf, a que registrou a maior rentabilidade foi o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), de 3.175,14%, mas o crescimento real foi de apenas 620,35%. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) aparece em terceiro lugar, com uma rentabilidade nominal de 1.284,25% e real de 204,46%.

“O CDI teve a maior rentabilidade por ter sido mais estável ao longo do tempo. Pagou taxas mais homogêneas no período, que passou por várias instabilidades e crises. A bolsa sofreu, não por ela mesmo, mas pelas diversas crises que assolaram o mundo e que acabamos sentindo aqui os reflexos”, disse Guasti, pesquisador do instituto.

Por Anay Cury e Simone Cunha - G1



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