Após dois meses de queda na geração de empregos, os setores de comércio, serviços e indústria reagiram bem em setembro e voltaram a puxar as contratações de pessoal em Goiás. Foram gerados no Estado 5.160 empregos com carteira assinada no mês – o que representa um acréscimo de 92% na comparação com agosto e de 231% em relação a setembro de 2012.

Fábricas, lojas, escritórios e consultórios, juntos, foram responsáveis por 88% do total das vagas geradas no mercado. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que sinalizam para uma recuperação na oferta de vagas no mercado.

Em junho e agosto deste ano a geração de vagas ficou na média de 2,25. Em setembro, essa média quase dobrou, por conta da expectativa em torno das contratações de fim de ano, no comércio; da safra de tomate e açúcar, na agroindústria; e recuo, ainda que pequeno, da inflação, que elevou o consumo dos serviços no Estado.

O comércio, responsável por 32% dos empregos existentes em Goiás, teve um desempenho positivo por conta da expansão em uma das suas principais áreas: o varejo. “Todo mundo começou a contratar em setembro para o Dia da Criança e o Natal�, revela o comerciante Jairo Cardoso, proprietário de uma loja de brinquedos em Campinas.

Sozinho, o varejo criou 1.367 postos das 1.811 do comércio. O coordenador do Centro de Pesquisas Mercadológicas da Alfa, Aurélio Troncoso, explica que esse crescimento é natural. “As empresas estão se preparando para o fim de ano com a contratação de temporários e reposição de vagas ociosas. Esse é um processo natural.�

A mesma explicação vale para o setor de serviços, que disponibilizou 1.541 vagas – a maior quantidade entre todos os setores. “Mesmo com a alta dos juros, o consumo continua e vai continuar aquecido. A classe C ainda tem sede e está cada vez mais habituada ao consumo de serviços.�

A demanda aquecida também está atrelada ao recuo, mesmo que modesto, da inflação. Em setembro, segundo o �ndice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice ficou em 0,33% – bem menor do que a média de 0,8% registrado nos meses anteriores. “Inflação diminui e o consumo aquece�, diz.

INDÚSTRIA

A geração de postos de trabalho na indústria de transformação, que teve um saldo entre demitidos e contratados de 1.194, foi puxada pelo segmento de alimentos e bebidas. A colheita de tomate e de cana, cujas safras estão sendo finalizadas neste mês de outubro, estavam aquecidas no mês passada, o que elevou a contratação da indústria de atomatados e de fabricação de açúcar.

O economista da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Cláudio Henrique de Oliveira, avalia que, de forma geral, a indústria não está demitindo por conta da expectativa em relação a melhoria do consumo no próximos meses. Segundo ele, o setor está atento ao desempenho do comércio, que, geralmente, traz impactos positivos à indústria.

CONTRATAÇÃO

“A produção está num ritmo menor em relação a 2012 e a geração de emprego aumentando. Esse é o cenário que temos hoje. A avaliação é que a manutenção do emprego está atrelado à expectativa positiva e a uma margem pequena de ganhos do setor. O setor de comércio e serviços, que está aquecido, pode puxar a produção industrial�, diz Cláudio Henrique.

A contratação de trabalhadores por cinco indústrias instaladas em Morrinhos conferiu ao município o título de terceiro maior gerador de postos de trabalho, em setembro, no Estado, ultrapassando, inclusive, o saldo de empregabilidade de cidades como Aparecida, Rio Verde e Catalão.

Foram contratadas 1.051 trabalhadores, demitidos 419, gerando um saldo positivo de 602 postos de trabalho. No ranking estadual, Goiânia ficou em primeiro (2.397) e Anápolis em segundo (1.169). Cristalina, por sua vez, ficou em último, com -217 (mais demitiu que contratou).

O prefeito de Morrinhos, Rogério Carlos Troncoso Chaves (PTB), diz que as indústrias de atomatado, açúcar e derivados de leite, instaladas na cidade, ofereceram vagas para atender a demanda de fim de ano. “Além disso, o setor de turismo em Rio Quente, que hoje contrata 800 moradores de Morrinhos, também empregou mais.�

De janeiro até setembro foram criados 88.343 novos postos de trabalho em Goiás. O superintendente regional do Trabalho e Emprego em Goiás, Arquivaldo Bites, prevê que 2013 poderá fechar com recorde histórico no Estado.

Numericamente, este ano ultrapassou 2012 e já é o melhor da história. No ano passado, foram 66.230 novas vagas com carteira assinada no Estado. O melhor desempenho desde o início da série histórica do Caged em Goiás foi em 2010, quando foram geradas 83.975 vagas.

Mesmo faltando os indicadores de outubro, novembro e dezembro, Arquivaldo estima que 2013 fechará com 100 mil vagas. “A expansão do emprego está superando de forma positiva nossas expectativas. É bem possível fechar com um número muito maior do que os últimos anos, próximo dos 100 mil empregos.�

NACIONAL

O número de postos de trabalho criados no País com carteira assinada cresceu em setembro. Foram registradas mais de 211 mil novas vagas, segundo os dados do Caged.

No período, segundo levantamento do Ministério do Trabalho, foram pouco mais de 1,8 milhão de admissões, contra 1,6 milhão de demissões. Em breve análise sobre os dados, publicada no próprio estudo, o ministério avalia que há uma “reação do mercado de trabalho� formal no país.

Em julho deste ano, o Caged registrou o pior resultado dos últimos dez anos, quando foram criadas apenas 41.463 novos postos de emprego.

Depois de realizados os ajustes no estudo - ou seja, depois que o governo incorporou as informações declaradas fora do prazo -, esse número subiu para 62 mil vagas.

Por Ricardo César (O Popular)